quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Os Cavaleiros do Zodíaco: Batalha do Santuário






            Os saudosos Cavaleiros do Zodíaco voltaram neste game, lançado em 2012, no Brasil, para o PS3, mas, ainda não foi desta vez que alcançaram o sétimo sentido no mundo dos games.
Apostando em um estilo beat`m up, semelhante a jogos como o clássico Final fight, porém, com uma roupagem mais moderna,  o jogo veio com uma ideia simples : controle os cavaleiros pelos cenários do Santuário de Atena, as famosas doze casas do zodíaco, enfrentando um batalhão de soldados rasos, até enfrentar o cavaleiro de ouro de sua respectiva casa.



 Os cavaleiros possuem combos variados e os seus golpes famosos estão muito bem retratados. A mecânica é simples, mas, oferece boa variedade. Se compararmos com jogos de estilo parecido, guardadas as demais diferenças, como Devil May Cry, por exemplo, percebe-se que os cavaleiros não têm tantas combinações disponíveis quanto o Dante, mas, a quantidade de cavaleiros disponíveis de certa maneira acaba por compensar o leque não tão grande, embora variado, de cada cavaleiro em particular.
Aliás, os combos são bonitos e fáceis de aplicar, lembrando bem o anime e devo chamar a atenção para o bom trabalho feito aqui: as personalidades de cada cavaleiro foram muito bem introduzidas em seus combos. O perverso Máscara da Morte, por exemplo, possui  um combo onde dá pisões na cabeça dos inimigos e golpeia de maneira mais desleixada, sem muito estilo, ao contrário do Shiryu, que possui golpes mais plásticos e equilibrados em velocidade e força, dignos de um praticante de artes marciais. Hyoga e Camus possuem um estilo mais elegante, enquanto os nervosinhos Ikki e Aiolia golpeiam com mais fúria (aliás, o Aiolia tem um dos combos mais legais do game: uma sequência de socos ferozes e muito rápidos). O Seiya possui um estilo mais rápido, característica própria de sua técnica mais famosa, os meteoros de pégaso.
Outros detalhes foram inesperadamente bem lembrados, como a “defesa circular” do Shun, que possui um pequeno defeito na animação,mas que não chega a comprometer a técnica ou a coreografia do Hyoga e de outras personagens ao carregar o cosmo. 

Nas primeiras horas o gameplay é muito gostoso, mas, vai se tornando bastante repetitivo. Os cenários e os soldadinhos estão muito simples, com pouquíssima variação. Os inimigos comuns limitam-se aos soldados (e às almas penadas da colina de Yomotsu em alguns momentos), e utilizam apenas duas variações de roupa quase iguais, possuindo algumas cores de roupa e tamanhos diferentes. Alguns carregam armas ou escudos também, mas, fica a sensação de que poderiam ter explorado mais o universo dos cavaleiros, trazendo os guerreiros mortos-vivos da ponte que leva a Jamir, por exemplo, que embora apareçam na fase dos cavaleiros negros, anterior à saga das doze casas retradada no game, não desvirtuariam o jogo em nada.
Os cenários pecam não só pela simplicidade, mas pelo fator que mais prejudica o game: o modo missão, que será o mais jogado após o término do curto modo história, se passa exatamente nos mesmos cenários das doze casas e como o sistema de câmera é fixo, o jogador vê sempre os mesmos lugares, pelo mesmo ângulo,  nas mesmas situações climáticas e além disso, os inimigos, mesmo no modo missão, aparecem sempre no mesmo lugar, na mesma quantidade e da mesma maneira, tornando o a experiência um verdadeiro Déja vu.
Já que o modo missão não possui qualquer compromisso com a história, a Namco Bandai bem que podia ter buscado em inspiração nas outras sagas para variar saudavelmente cenários e inimigos. O gigante vilão Dócrates, por exemplo, acrescentaria uma boa variação no gameplay, embora seja uma personagem tapa buraco do anime.
As batalhas contra chefes possuem um esquema semelhante de um chefe para outro, possuindo algumas pequenas diversificações, mas, em pouco tempo, é possível aprender a estratégia básica que funciona contra todos eles, tornando as batalhas muito fáceis.
Os graus de dificuldade, embora valorizem o sistema de níveis das personagens, também contribuem para repetitividade, pois, a única diferença nos modos mais difíceis é que os inimigos tiram mais energia e são mais resistentes aos seus golpes, obrigando o jogador a subir o nível dos cavaleiros em missões de dificuldade mais baixa para só depois encarar as dificuldades maiores, quando as personagens já estirão niveladas ao desafio, tornando tudo igual de novo.
O modo história cumpre bem o seu papel, contudo, as cutscenes são toscas e os personagens possuem movimentos faciais bem duros, mas, todo fã já conferiu os mesmos acontecimentos retratados no anime.

O modo survival ficou bem legal e dá mais sobrevida ao jogo, mas, também poderia ter mais opções de cenários. O online do jogo se limita a um ranking com os scores dos jogadores nas fases, não havendo interação alguma durante as batalhas. Também há um bem vindo e divertido, porém, pequeno modo cooperativo offline, onde dois jogadores devem enfrentar um cavaleiro de ouro e inúmeros soldados ao mesmo tempo. Neste modo, não se percorre os caminhos entre as casas, pulando diretamente para as lutas com os chefes. Uma pena, pois, seria bem mais legal jogar cooperativo em qualquer modo do game. Também fica o sentimento de que faltou um modo versus, inclusive online, ainda que a mecânica talvez não seja tão propícia, o modo certamente agradaria.
A trilha sonora é bacana, e conta com músicas já ouvidas em outros games dos cavaleiros, com destaque para a introdução que conta com a clássica Pegasus Fantasy em alta qualidade. Uma dublagem em português seria o sonho de qualquer fã, mas o game já conta com uma versão com menus e legendas em português, o que já é bem bacana.
Os Dlcs são outro destaque negativo, contando sempre com uma personagem e algumas missões, cada Dlc sai por absurdos R$ 10,99 e são seis no total. Há também um tentador dlc com as armaduras da segunda grande fase do anime, a saga de asgard/poseidon, com uma mudança apenas estética.

As Técnicas dos cavaleiros estão bem retratadas no game.

Finalmente, o game apresenta uma boa experiência com uma excelente jogabilidade, no entanto, a repetitividade compromete um pouco a diversão do game que deixa a sensação de capricho da Namco Bandai em alguns detalhes e desleixo em outros pontos mais básicos. Ë bom ressaltar que o game, apesar dos deslizes, deixa a sensação de que o aperfeiçoamento desta fórmula em futuras versões poderia resultar em um grande game do estilo.
Se você é fã dos heróis da década de 90, assim como eu, e curte a pancadaria desencanada dos beat’m ups o jogo com certeza vai divertir, embora ainda não faça jus à sua série de origem, mas, se não curte nem uma coisa, nem outra, passe longe do game.

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