Os saudosos Cavaleiros do Zodíaco voltaram
neste game, lançado em 2012, no Brasil, para o PS3, mas, ainda não foi desta vez que
alcançaram o sétimo sentido no mundo dos games.
Apostando em um estilo beat`m up,
semelhante a jogos como o clássico Final fight, porém, com uma roupagem mais
moderna, o jogo veio com uma ideia
simples : controle os cavaleiros pelos cenários do Santuário de Atena, as
famosas doze casas do zodíaco, enfrentando um batalhão de soldados rasos, até
enfrentar o cavaleiro de ouro de sua respectiva casa.
Os cavaleiros possuem combos variados e os
seus golpes famosos estão muito bem retratados. A mecânica é simples, mas,
oferece boa variedade. Se compararmos com jogos de estilo parecido, guardadas
as demais diferenças, como Devil May Cry, por exemplo, percebe-se que os cavaleiros
não têm tantas combinações disponíveis quanto o Dante, mas, a quantidade de
cavaleiros disponíveis de certa maneira acaba por compensar o leque não tão
grande, embora variado, de cada cavaleiro em particular.
Aliás, os combos são bonitos e fáceis
de aplicar, lembrando bem o anime e devo chamar a atenção para o bom trabalho
feito aqui: as personalidades de cada cavaleiro foram muito bem introduzidas em
seus combos. O perverso Máscara da Morte, por exemplo, possui um combo onde dá pisões na cabeça dos
inimigos e golpeia de maneira mais desleixada, sem muito estilo, ao contrário
do Shiryu, que possui golpes mais plásticos e equilibrados em velocidade e
força, dignos de um praticante de artes marciais. Hyoga e Camus possuem um
estilo mais elegante, enquanto os nervosinhos Ikki e Aiolia golpeiam com mais
fúria (aliás, o Aiolia tem um dos combos mais legais do game: uma sequência de
socos ferozes e muito rápidos). O Seiya possui um estilo mais rápido,
característica própria de sua técnica mais famosa, os meteoros de pégaso.
Outros detalhes foram inesperadamente
bem lembrados, como a “defesa circular” do Shun, que possui um pequeno defeito na
animação,mas que não chega a comprometer a técnica ou a coreografia do Hyoga e
de outras personagens ao carregar o cosmo.
Nas primeiras horas o gameplay é muito
gostoso, mas, vai se tornando bastante repetitivo. Os cenários e os soldadinhos
estão muito simples, com pouquíssima variação. Os inimigos comuns limitam-se
aos soldados (e às almas penadas da colina de Yomotsu em alguns momentos), e
utilizam apenas duas variações de roupa quase iguais, possuindo algumas cores
de roupa e tamanhos diferentes. Alguns carregam armas ou escudos também, mas,
fica a sensação de que poderiam ter explorado mais o universo dos cavaleiros,
trazendo os guerreiros mortos-vivos da ponte que leva a Jamir, por exemplo, que
embora apareçam na fase dos cavaleiros negros, anterior à saga das doze casas
retradada no game, não desvirtuariam o jogo em nada.
Os cenários pecam não só pela
simplicidade, mas pelo fator que mais prejudica o game: o modo missão, que será
o mais jogado após o término do curto modo história, se passa exatamente nos
mesmos cenários das doze casas e como o sistema de câmera é fixo, o jogador vê
sempre os mesmos lugares, pelo mesmo ângulo,
nas mesmas situações climáticas e além disso, os inimigos, mesmo no modo
missão, aparecem sempre no mesmo lugar, na mesma quantidade e da mesma maneira,
tornando o a experiência um verdadeiro Déja vu.
Já que o modo missão não possui
qualquer compromisso com a história, a Namco Bandai bem que podia ter buscado
em inspiração nas outras sagas para variar saudavelmente cenários e inimigos. O
gigante vilão Dócrates, por exemplo, acrescentaria uma boa variação no
gameplay, embora seja uma personagem tapa buraco do anime.
As batalhas contra chefes possuem um
esquema semelhante de um chefe para outro, possuindo algumas pequenas
diversificações, mas, em pouco tempo, é possível aprender a estratégia básica
que funciona contra todos eles, tornando as batalhas muito fáceis.
Os graus de dificuldade, embora
valorizem o sistema de níveis das personagens, também contribuem para
repetitividade, pois, a única diferença nos modos mais difíceis é que os
inimigos tiram mais energia e são mais resistentes aos seus golpes, obrigando o
jogador a subir o nível dos cavaleiros em missões de dificuldade mais baixa
para só depois encarar as dificuldades maiores, quando as personagens já
estirão niveladas ao desafio, tornando tudo igual de novo.
O modo história cumpre bem o seu
papel, contudo, as cutscenes são toscas e os personagens possuem movimentos
faciais bem duros, mas, todo fã já conferiu os mesmos acontecimentos retratados
no anime.
O modo survival ficou bem legal e dá
mais sobrevida ao jogo, mas, também poderia ter mais opções de cenários. O
online do jogo se limita a um ranking com os scores dos jogadores nas fases,
não havendo interação alguma durante as batalhas. Também há um bem vindo e
divertido, porém, pequeno modo cooperativo offline, onde dois jogadores devem
enfrentar um cavaleiro de ouro e inúmeros soldados ao mesmo tempo. Neste modo,
não se percorre os caminhos entre as casas, pulando diretamente para as lutas
com os chefes. Uma pena, pois, seria bem mais legal jogar cooperativo em
qualquer modo do game. Também fica o sentimento de que faltou um modo versus,
inclusive online, ainda que a mecânica talvez não seja tão propícia, o modo
certamente agradaria.
A trilha sonora é bacana, e conta com
músicas já ouvidas em outros games dos cavaleiros, com destaque para a
introdução que conta com a clássica Pegasus Fantasy em alta qualidade. Uma
dublagem em português seria o sonho de qualquer fã, mas o game já conta com uma
versão com menus e legendas em português, o que já é bem bacana.
Os Dlcs são outro destaque negativo,
contando sempre com uma personagem e algumas missões, cada Dlc sai por absurdos
R$ 10,99 e são seis no total. Há também um tentador dlc com as armaduras da
segunda grande fase do anime, a saga de asgard/poseidon, com uma mudança apenas
estética.
As Técnicas dos cavaleiros estão bem retratadas no game. |
Finalmente, o game apresenta uma boa
experiência com uma excelente jogabilidade, no entanto, a repetitividade
compromete um pouco a diversão do game que deixa a sensação de capricho da
Namco Bandai em alguns detalhes e desleixo em outros pontos mais básicos. Ë bom
ressaltar que o game, apesar dos deslizes, deixa a sensação de que o
aperfeiçoamento desta fórmula em futuras versões poderia resultar em um grande
game do estilo.
Se você é fã dos heróis da década de
90, assim como eu, e curte a pancadaria desencanada dos beat’m ups o jogo com
certeza vai divertir, embora ainda não faça jus à sua série de origem, mas, se
não curte nem uma coisa, nem outra, passe longe do game.
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